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O dogma da Santíssima Trindade
1. A palavra Trindade nasceu do latim
Provém da palavra “trinitas”, que significa “três” e “tríade”. O equivalente em grego é “triados”.
2. Foi utilizada pela primeira vez por Teófilo de Antioquia
O primeiro uso reconhecido do termo foi o dado por Teófilo de Antioquia por volta do ano 170 para expressar a união das três divinas pessoas em Deus.
Nos três primeiros dias que precedem a criação do sol e da lua, o Bispo vê imagens da Trindade: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria” (Segundo Livro a Autólico 15,3).
3. Trindade significa um só Deus e três pessoas distintas
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica assim: “A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho” (CCIC, 48).
4. A Trindade é o mistério central da fé cristã
Sim, e o Compêndio explica desta maneira: “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (CCIC, 44).
5. A Igreja definiu de forma infalível o dogma da Santíssima Trindade
O dogma da Trindade se definiu em duas etapas, no primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) e no primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.).
No Concílio de Niceia foi definida a divindade do Filho e se escreveu a parte do Credo que se ocupa Dele. Este Concílio foi convocado para fazer frente à heresia ariana, que afirmava que o Filho era um ser sobrenatural, mas não Deus.
No Concílio de Constantinopla foi definida a divindade do Espírito Santo. Este Concílio combateu uma heresia conhecida como macedonianismo (porque seus defensores eram da Macedônia), que negava a divindade do Espírito Santo.
6. A Trindade se sustenta na revelação divina deixada por Cristo
Só se pode provar a Trindade através da revelação divina que Jesus nos trouxe. Não se pode demonstrar pela razão natural ou unicamente a partir do Antigo Testamento. O CCIC explica:
“O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana? Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios” (CCIC, 45).
Embora o vocabulário utilizado para expressar a doutrina da Trindade tenha levado um tempo para se desenvolver, pode-se demonstrar os diferentes aspectos desta doutrina com as Sagradas Escrituras.
7. A Bíblia ensina que existe um só Deus
O Fato de que só haja um Deus se manifestou no Antigo Testamento. Por exemplo, o livro de Isaías disse:
“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim” (Is 43,10).
“Eis o que diz o Senhor, o rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro e o último, não há outro Deus afora eu” (Is 44,6).
8. O Pai é proclamado como Deus inúmeras vezes no Novo Testamento
Por exemplo, nas cartas de São Paulo se narra o seguinte: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação (...)” (2Cor 1,3).
“Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos” (Ef 4,5-6).
9. A Bíblia também demonstra que o Filho é Deus
Isto é proclamado em várias partes do Novo Testamento, incluindo o começo do Evangelho de São João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,1.14).
Também:
“Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,17-18).
10. O Espírito Santo é Deus e assim afirmam as Escrituras
No livro dos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo é retratado como uma pessoa divina que fala e à qual não se pode mentir:
“Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado” (At 13,2).
“Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus” (At 5,3-4).
11. A distinção de três Pessoas divinas é demonstrada com a Bíblia
A distinção das Pessoas se pode demonstrar, por exemplo, no fato de que Jesus fala ao seu Pai. Isso não teria sentido se fosse uma e a mesma pessoa.
“Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo” (Mt 11,25-27).
O fato de que Jesus não é a mesma pessoa que o Espírito Santo se revela quando Jesus – que esteve operando como Paráclito (em grego, Parakletos) dos discípulos – diz que vai orar ao Pai e que o Pai lhes dará “outro Paráclito”, que é o Espírito Santo. Isso mostra a distinção das três Pessoas: Jesus que ora; o Pai que envia; e o Espírito Santo que vem:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).
12. O Filho procede do Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho
“É certamente de fé que o Filho procede do Pai por uma verdadeira geração. Segundo o Credo Niceno-Constantinopolitano, Ele é “gerado antes de todos os séculos”. Mas a procedência de uma Pessoa Divina, como o termo do ato pelo qual Deus conhece sua própria natureza é propriamente chamada geração” (Enciclopédia Católica).
O fato de que o Filho é gerado pelo Pai está indicado pelos nomes dessas Pessoas. A segunda pessoa da Trindade não seria um Filho se não tivesse sido gerado pela primeira pessoa da Trindade.
O fato de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho se reflete em outra declaração de Jesus:
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).
Isso representa o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho (“que vos enviarei”). As funções exteriores das Pessoas da Trindade refletem suas relações mútuas entre si. Também se pode dizer que o Espírito Santo procede do Pai por meio do Filho.
________________________
Fontes:
Publicado originalmente em National Catholic Register e tradução para o Português em ACI Digital em 12/06/2017.
O que diz o Catecismo da igreja Católica
§88 O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária.
Dogmas da Santíssima Trindade
§253 A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas só Deus em três pessoas: "a Trindade consubstancial". As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, O Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza". "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina"
§254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário". "Pai", "Filho", "Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho". São distintos entre si por suas relações de origem: "E o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede".
A Unidade divina é Trina.
§255 As pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras: "Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância'. Pois "tudo é uno [neles] l onde não se encontra a oposição de relação. "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho".
§256 Aos Catecúmenos de Constantinopla, São Gregório Nazianzeno, denominado também "o Teólogo", confia o seguinte resumo da fé trinitária:
Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim.
§249 A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé viva da Igreja, principalmente por meio do Batismo. Ela encontra sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2Cor 13,13).
§250 No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente sua fé trinitária, tanto para aprofundar sua própria compreensão da fé como para defendê-la de erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos Concílios antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé do povo cristão.
§251 Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria, recorrendo a noções de origem filosófica: "substância", "pessoa" ou "hipóstase", "relação" etc. Ao fazer isso, não submeteu a fé a uma sabedoria humana, mas imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a significar a partir daí também um Mistério inefável, que "supera infinitamente tudo o que nó podemos compreender dentro do limite humano".
§252 A Igreja utiliza o termo "substância" (traduzido também, às vezes, por "essência" ou por "natureza") para designar ser divino em sua unidade, o termo "pessoa" ou "hipóstase" para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo em sua distinção real entre si, e o termo "relação" para designar o fato de a distinção entre eles residir na referência de uns aos outros.
O dogma da Santíssima Trindade
1. A palavra Trindade nasceu do latim
Provém da palavra “trinitas”, que significa “três” e “tríade”. O equivalente em grego é “triados”.
2. Foi utilizada pela primeira vez por Teófilo de Antioquia
O primeiro uso reconhecido do termo foi o dado por Teófilo de Antioquia por volta do ano 170 para expressar a união das três divinas pessoas em Deus.
Nos três primeiros dias que precedem a criação do sol e da lua, o Bispo vê imagens da Trindade: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria” (Segundo Livro a Autólico 15,3).
3. Trindade significa um só Deus e três pessoas distintas
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica assim: “A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho” (CCIC, 48).
4. A Trindade é o mistério central da fé cristã
Sim, e o Compêndio explica desta maneira: “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (CCIC, 44).
5. A Igreja definiu de forma infalível o dogma da Santíssima Trindade
O dogma da Trindade se definiu em duas etapas, no primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) e no primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.).
No Concílio de Niceia foi definida a divindade do Filho e se escreveu a parte do Credo que se ocupa Dele. Este Concílio foi convocado para fazer frente à heresia ariana, que afirmava que o Filho era um ser sobrenatural, mas não Deus.
No Concílio de Constantinopla foi definida a divindade do Espírito Santo. Este Concílio combateu uma heresia conhecida como macedonianismo (porque seus defensores eram da Macedônia), que negava a divindade do Espírito Santo.
6. A Trindade se sustenta na revelação divina deixada por Cristo
Só se pode provar a Trindade através da revelação divina que Jesus nos trouxe. Não se pode demonstrar pela razão natural ou unicamente a partir do Antigo Testamento. O CCIC explica:
“O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana? Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios” (CCIC, 45).
Embora o vocabulário utilizado para expressar a doutrina da Trindade tenha levado um tempo para se desenvolver, pode-se demonstrar os diferentes aspectos desta doutrina com as Sagradas Escrituras.
7. A Bíblia ensina que existe um só Deus
O Fato de que só haja um Deus se manifestou no Antigo Testamento. Por exemplo, o livro de Isaías disse:
“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim” (Is 43,10).
“Eis o que diz o Senhor, o rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro e o último, não há outro Deus afora eu” (Is 44,6).
8. O Pai é proclamado como Deus inúmeras vezes no Novo Testamento
Por exemplo, nas cartas de São Paulo se narra o seguinte: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação (...)” (2Cor 1,3).
“Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos” (Ef 4,5-6).
9. A Bíblia também demonstra que o Filho é Deus
Isto é proclamado em várias partes do Novo Testamento, incluindo o começo do Evangelho de São João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,1.14).
Também:
“Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,17-18).
10. O Espírito Santo é Deus e assim afirmam as Escrituras
No livro dos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo é retratado como uma pessoa divina que fala e à qual não se pode mentir:
“Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado” (At 13,2).
“Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus” (At 5,3-4).
11. A distinção de três Pessoas divinas é demonstrada com a Bíblia
A distinção das Pessoas se pode demonstrar, por exemplo, no fato de que Jesus fala ao seu Pai. Isso não teria sentido se fosse uma e a mesma pessoa.
“Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo” (Mt 11,25-27).
O fato de que Jesus não é a mesma pessoa que o Espírito Santo se revela quando Jesus – que esteve operando como Paráclito (em grego, Parakletos) dos discípulos – diz que vai orar ao Pai e que o Pai lhes dará “outro Paráclito”, que é o Espírito Santo. Isso mostra a distinção das três Pessoas: Jesus que ora; o Pai que envia; e o Espírito Santo que vem:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).
12. O Filho procede do Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho
“É certamente de fé que o Filho procede do Pai por uma verdadeira geração. Segundo o Credo Niceno-Constantinopolitano, Ele é “gerado antes de todos os séculos”. Mas a procedência de uma Pessoa Divina, como o termo do ato pelo qual Deus conhece sua própria natureza é propriamente chamada geração” (Enciclopédia Católica).
O fato de que o Filho é gerado pelo Pai está indicado pelos nomes dessas Pessoas. A segunda pessoa da Trindade não seria um Filho se não tivesse sido gerado pela primeira pessoa da Trindade.
O fato de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho se reflete em outra declaração de Jesus:
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).
Isso representa o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho (“que vos enviarei”). As funções exteriores das Pessoas da Trindade refletem suas relações mútuas entre si. Também se pode dizer que o Espírito Santo procede do Pai por meio do Filho.
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Fontes:
Publicado originalmente em National Catholic Register e tradução para o Português em ACI Digital em 12/06/2017.
O que diz o Catecismo da igreja Católica
§88 O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma forma que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na Revelação divina ou verdades que com estas têm uma conexão necessária.
Dogmas da Santíssima Trindade
§253 A Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas só Deus em três pessoas: "a Trindade consubstancial". As pessoas divinas não dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, O Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus por natureza". "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina"
§254 As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário". "Pai", "Filho", "Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho". São distintos entre si por suas relações de origem: "E o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede".
A Unidade divina é Trina.
§255 As pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras: "Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância'. Pois "tudo é uno [neles] l onde não se encontra a oposição de relação. "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo, todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho".
§256 Aos Catecúmenos de Constantinopla, São Gregório Nazianzeno, denominado também "o Teólogo", confia o seguinte resumo da fé trinitária:
Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todos os males e desprezar todos os prazeres: refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela. Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim.
§249 A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé viva da Igreja, principalmente por meio do Batismo. Ela encontra sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2Cor 13,13).
§250 No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente sua fé trinitária, tanto para aprofundar sua própria compreensão da fé como para defendê-la de erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos Concílios antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé do povo cristão.
§251 Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria, recorrendo a noções de origem filosófica: "substância", "pessoa" ou "hipóstase", "relação" etc. Ao fazer isso, não submeteu a fé a uma sabedoria humana, mas imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a significar a partir daí também um Mistério inefável, que "supera infinitamente tudo o que nó podemos compreender dentro do limite humano".
§252 A Igreja utiliza o termo "substância" (traduzido também, às vezes, por "essência" ou por "natureza") para designar ser divino em sua unidade, o termo "pessoa" ou "hipóstase" para designar o Pai, o Filho e o Espírito Santo em sua distinção real entre si, e o termo "relação" para designar o fato de a distinção entre eles residir na referência de uns aos outros.