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É uma verdade de fé, que há um Purgatório e que as almas podem ser aliviadas pelas orações dos fiéis vivos. A existência do Purgatório aparece, insofismável, na Escritura do Antigo Testamento, no Novo e na Tradição. De fato, no II Livro dos Macabeus, (XII, 26) lê-se que “Judas, valoroso capitão, reúne e envia para Jerusalém doze mil dracmas de prata para que sejam oferecidos sacrifícios pelos mortos. É cousa santa e salutar orar pelos mortos para que sejam libertados dos seus pecados”.
Eis algumas passagens do Novo Testamento, relativas à existência do Purgatório. São Mateus (Cap. XII, 32): “E todo aquele que disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século, nem no futuro”. Conclusão: deve haver um lugar onde os pecados serão redimidos: o Purgatório. São Paulo em sua 1ª Epístola aos Coríntios, Capítulo III, 13-15: “Manifestada será a obra de cada um; porque o do Senhor a fará conhecer, visto que será revelado no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se substituir a obra do que se sobreedificou receberá prêmio. Se a obra de algum arder, ele sofrerá o prejuízo; mas será salvo, apesar disso, como por meio do fogo”. Conclusão: no céu não pode haver fogo, o do inferno não salva; este fogo é, conseqüentemente, o do Purgatório. O que diz o mesmo Apóstolo aos Filipenses (II,10). “Para que no nome de Jesus dobrem-se os joelhos no céu, na terra e no inferno”.
As almas dos condenados não podem dobrar-se. Por inferno o Apóstolo entende o Purgatório. A Tradição, desde os albores do Cristianismo, é muito firme e categórica acerca da existência do Purgatório. Os três Concílios de Cartago (253), de Châlons (579), de Worms (822) e de Trento, aprovaram as orações pelos finados. Unânime é o testemunho dos Santos Padres. Santo Efrén ordena que, após sua morte, façam-se orações pelo descanso da sua alma. São João Crisóstomo declara: “As lágrimas dos vivos não são inúteis aos mortos: as orações e as esmolas são portadoras de conforto para eles”.
O que diz o Catecismo da Igreja Católica:
§1030 Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
§1031 A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: (Parágrafos relacionados 954,1472)
No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro[a21] .
§1032 Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: (Parágrafos relacionados 958,1372,1479) Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai [a23] que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.
As penas do pecado
§1472 Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, conseqüentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama “pena eterna” do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado “purgatório”. Esta purificação liberta da chamada “pena temporal” do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.
§1473 O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. Suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para aceitar, como urna graça, essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, por inicio de obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e por diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do “velho homem” para revestir-se do “homem novo”.
§1475 Na comunhão dos santos, “existe certamente entre os fiéis já admitidos na posse da pátria celeste, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos os bens”. Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, bem para além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à comunhão dos santos permite ao pecador contrito se purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
I N D U L G Ê N C I A S
Pe. Rodrigo Maria
É uma verdade de fé, que há um Purgatório e que as almas podem ser aliviadas pelas orações dos fiéis vivos. A existência do Purgatório aparece, insofismável, na Escritura do Antigo Testamento, no Novo e na Tradição. De fato, no II Livro dos Macabeus, (XII, 26) lê-se que “Judas, valoroso capitão, reúne e envia para Jerusalém doze mil dracmas de prata para que sejam oferecidos sacrifícios pelos mortos. É cousa santa e salutar orar pelos mortos para que sejam libertados dos seus pecados”.
Eis algumas passagens do Novo Testamento, relativas à existência do Purgatório. São Mateus (Cap. XII, 32): “E todo aquele que disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século, nem no futuro”. Conclusão: deve haver um lugar onde os pecados serão redimidos: o Purgatório. São Paulo em sua 1ª Epístola aos Coríntios, Capítulo III, 13-15: “Manifestada será a obra de cada um; porque o do Senhor a fará conhecer, visto que será revelado no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se substituir a obra do que se sobreedificou receberá prêmio. Se a obra de algum arder, ele sofrerá o prejuízo; mas será salvo, apesar disso, como por meio do fogo”. Conclusão: no céu não pode haver fogo, o do inferno não salva; este fogo é, conseqüentemente, o do Purgatório. O que diz o mesmo Apóstolo aos Filipenses (II,10). “Para que no nome de Jesus dobrem-se os joelhos no céu, na terra e no inferno”.
As almas dos condenados não podem dobrar-se. Por inferno o Apóstolo entende o Purgatório. A Tradição, desde os albores do Cristianismo, é muito firme e categórica acerca da existência do Purgatório. Os três Concílios de Cartago (253), de Châlons (579), de Worms (822) e de Trento, aprovaram as orações pelos finados. Unânime é o testemunho dos Santos Padres. Santo Efrén ordena que, após sua morte, façam-se orações pelo descanso da sua alma. São João Crisóstomo declara: “As lágrimas dos vivos não são inúteis aos mortos: as orações e as esmolas são portadoras de conforto para eles”.
O que diz o Catecismo da Igreja Católica:
§1030 Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
§1031 A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: (Parágrafos relacionados 954,1472)
No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro[a21] .
§1032 Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos: (Parágrafos relacionados 958,1372,1479) Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai [a23] que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles.
As penas do pecado
§1472 Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, conseqüentemente, nos toma incapazes da vida eterna; esta privação se chama “pena eterna” do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado “purgatório”. Esta purificação liberta da chamada “pena temporal” do pecado. Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas, antes, como uma conseqüência da própria natureza do pecado. Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, de tal modo que não haja mais nenhuma pena.
§1473 O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. Suportando pacientemente os sofrimentos e as provas de todo tipo e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte, o cristão deve esforçar-se para aceitar, como urna graça, essas penas temporais do pecado; deve aplicar-se, por inicio de obras de misericórdia e de caridade, como também pela oração e por diversas práticas de penitência, a despojar-se completamente do “velho homem” para revestir-se do “homem novo”.
§1475 Na comunhão dos santos, “existe certamente entre os fiéis já admitidos na posse da pátria celeste, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos os bens”. Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, bem para além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à comunhão dos santos permite ao pecador contrito se purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
I N D U L G Ê N C I A S
Pe. Rodrigo Maria